Conclusão

Persistindo nesta linha não estamos longe de chegar a uma conclusão à primeira vista decepcionante:

O modelo apresentado aparenta não ser exclusividade do cientista. De fato, não é! As operações mentais apresentadas fazem parte de algum processo cognitivo utilizado pelos seres racionais, e não apenas pelos cientistas.

 

Com efeito, o homem é um pesquisador nato, e isso é algo que nos distingue dos demais seres encontrados na natureza. Consequentemente, o método científico seria tão somente um caso muito especial deste procedimento cognitivo.


O que há então de especial ou de científico no modelo apresentado? Em primeiro lugar, temos o plano da práxis, onde ocorrem as observações da realidade, assim como as experiências reais.

 

Somente com dados de uma realidade observada e/ou resultados de experiências, o cientista deve aventurar-se a trafegar pelo plano transcendental. Por outro lado, mesmo fixando-se no plano transcendental, o cientista não pode se afastar da realidade factual. Mesmo porque, ao retornar ao plano da práxis ele deverá testar as novas hipóteses aí concebidas.

 

Foi nesse sentido que procurei esquematizar o modelo de maneira tal a que esse plano interceptasse a natureza real. Digamos então que no processo cognitivo mais geral existiriam outros planos transcendentais (ou até mesmo outros planos da práxis), dotados de propriedades análogas, mas a se afastarem da realidade e, consequentemente, do que poderíamos chamar verdade científica. Há de se notar que muitos indivíduos procuram por verdades inerentes ao mundo real sem se aterem à preocupação em produzir conhecimentos científicos.

 

Seria o caso, por exemplo, do investigador de polícia. Vou então abordar o método sob outros prismas, deixando os conceitos ciência, cientista e verdade científica para que sejam apresentados em outros artigos desta série.